A Polêmica dos Bebês Reborn: Entre o Conforto Emocional e a Controvérsia Social
18/05/2025 Coluna Cláudio Albano
Realistas e por vezes perturbadores, os bonecos bebês reborn dividem opiniões ao redor do mundo, levantando debates sobre saúde mental, arte e limites do realismo

O universo dos bonecos realistas conhecidos como bebês reborn tem despertado intensas reações em todo o mundo. Para alguns, trata-se de uma forma de arte e até de terapia emocional. Para outros, o fenômeno beira o bizarro e causa inquietação. Mas afinal, o que está por trás da polêmica dos bebês reborn?

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O que são Bebês Reborn?

Os bebês reborn são bonecos hiper-realistas, produzidos artesanalmente com materiais como vinil e silicone, pintados à mão e com detalhes minuciosos que imitam com fidelidade a pele, os olhos, os cabelos e até as veias de um bebê real.

O processo de criação pode levar semanas e cada boneco pode custar entre R$ 500 e R$ 5 mil, ou até mais, dependendo do nível de realismo.

Eles são populares entre colecionadores, artistas e, principalmente, entre pessoas que utilizam os bonecos como suporte emocional, como mães que perderam filhos ou mulheres que enfrentam dificuldades para engravidar.

Entre o Lúdico e o Terapêutico

Uma das maiores defesas em favor dos bebês reborn está na função terapêutica que eles exercem. Psicólogos relatam que, em certos casos, os bonecos ajudam pacientes a lidar com luto, ansiedade ou solidão.

Há também instituições geriátricas que os utilizam com idosos diagnosticados com Alzheimer, como forma de despertar afeto e promover bem-estar.

Além disso, há um aspecto artístico: artistas reborners, como são chamados os criadores, veem na produção desses bonecos uma expressão legítima de arte e dedicação.

Críticas e Controvérsias

Apesar dos argumentos a favor, os bebês reborn não estão livres de críticas. Um dos pontos mais discutidos é o impacto psicológico em pessoas que se apegam excessivamente aos bonecos, confundindo fantasia com realidade.

Há relatos de indivíduos que tratam os reborn como filhos, atribuindo nomes, roupas, certidões de nascimento e até fazendo passeios com carrinhos de bebê. Isso levanta o questionamento: quando o uso terapêutico dá lugar à fuga da realidade?

Outro ponto polêmico é o impacto visual e social. Por se parecerem com bebês reais, esses bonecos causam confusão e até sustos em quem os vê desacompanhados em locais públicos, como bancos de praça ou lojas.

Há inclusive casos em que pessoas ligaram para a polícia pensando que um bebê real havia sido abandonado, apenas para descobrir que se tratava de um reborn.

Cultura e Estigma

A recepção dos bebês reborn também varia conforme o contexto cultural. Em países como os Estados Unidos e o Reino Unido, há feiras, exposições e até lojas especializadas.

No Brasil, o interesse tem crescido, mas também acompanha um certo estigma, frequentemente reforçado por reportagens sensacionalistas ou memes nas redes sociais que retratam os reborn como objetos macabros.

Os bebês reborn seguem dividindo opiniões: arte ou alienação? Terapia ou tabu? Independentemente da resposta, é inegável que esses bonecos revelam aspectos profundos da relação humana com o afeto, a perda e o imaginário.

Cláudio Albano/Guia São Miguel

 
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