Enchentes Devastam Eldorado do Sul e Deixam Moradores em Desespero
21/06/2024 Brasil
Inundações Repetidas Trazem Revolta e Incerteza; Moradores Clamam por Soluções e Indenizações

Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidadeanuncie no Guia São Miguel


Na última quinta-feira (20), Eldorado do Sul, no Rio Grande do Sul, viu suas ruas novamente submersas pelas águas, em uma repetição angustiante das enchentes de maio.

CLIQUE AQUI E PARTICIPE DA COMUNIDADE DO GUIA SÃO MIGUEL NO WHATSAPP

Os bairros Cidade Verde e Vila da Paz foram os mais atingidos, trazendo revolta e desespero aos moradores do pequeno município de 40 mil habitantes. A prefeitura estima que 97% da área urbana e 80% da área total do município ficaram submersas na maior catástrofe ambiental da história gaúcha.

Mais de 45 dias após a primeira enchente, ainda é possível ver montanhas de entulhos, carros abandonados e casas de madeira deslocadas pela força da correnteza. A dona de casa Inês da Silva, de 47 anos, tentava limpar a casa que voltou a ser invadida pela água.


“No início da semana eu vim aqui e fiquei feliz que a água não estava mais na frente da minha casa, mas agora começou de novo”, lamentou.


Desesperança e Desafios Diários

Porto Alegre (RS), 20/06/2024 - Rua alagada pela enchente no município de Eldorado do Sul. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Rua alagada pela enchente no município de Eldorado do Sul.
Foto:  Bruno Peres/Agência Brasil

Inês da Silva, que vive sozinha com três filhos, incluindo a mais nova de apenas 6 anos, descreveu o impacto psicológico e físico das enchentes.


“Nosso psicológico está abalado. Eu já não durmo de noite mais direito. Quando a gente quer descansar, a cabeça da gente vem com tudo. É nosso lar, né? É a única casa que a gente tem. Aí, quando a gente quer voltar para as nossas casas, acontece isso aí de novo”, desabafou.


Ela, atualmente vivendo de aluguel, teme não poder pagar por muito mais tempo. Com sua filha doente no abrigo e passando fome e sede nos primeiros dias após a enchente, Inês defende a necessidade de uma indenização para os atingidos.


“Não somos obrigados a morar no lugar que eles querem. Ou faz esse dique [para segurar as enchentes] ou a gente vai embora daqui com a indenização. Queremos uma indenização para a gente escolher um lugar onde a gente ache digno de morar. Eles indenizam nós e acabam com essa cidade, porque a cidade, na verdade, já acabou, né?”, afirmou.


Eldorado do Sul ainda tem 5,4 mil pessoas desalojadas e outras 557 em abrigos da cidade ou de municípios vizinhos.

Comunidades Vulneráveis e a Esperança por Intervenção Pública

Eldorado do Sul (RS), 22/05/2024 – CHUVAS-RS - DESTRUIÇÃO - Conforme as águas vão baixando, moradores de Eldorado do Sul tendo contato com os estragos causados pelas enchentes. - Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Eldorado do Sul:estragos causados pelas enchentes. 
Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O pescador artesanal Luiz Antônio Ceccon de Albuquerque, de 53 anos, e sua esposa vivem no principal abrigo da cidade após abandonar novamente sua casa no bairro da Picada.


“Conseguimos a doação de cama, de colchão e ficamos ali. O fogão estava funcionando. Ganhávamos a cesta básica e estávamos fazendo comida. Aí ontem surgiu esse alerta aí da Defesa Civil. É bem impactante. Eu vou ser bem sincero, eu já chorei várias vezes”, confessou Luiz.


Ele espera poder regressar para sua casa e retomar a atividade de pesca, mas acredita que o Poder Público precisa olhar mais para a população pobre.


“Acho que eles deveriam dar uma olhada para nós. Eu sei o que eles querem. Eles querem que a gente saia da ilha, que a gente abandone as nossas casas”, destacou.


Soluções e Projetos para o Futuro

Porto Alegre (RS), 20/06/2024 - Limpeza de locais atingidos pela enchente no município de Eldorado do Sul. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
Limpeza de locais atingidos pela enchente no município de Eldorado do Sul.
Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

O vice-prefeito de Eldorado do Sul, Ricardo Alves, avalia que a construção de um dique em volta do centro urbano é a principal aposta para a segurança dos moradores. O projeto, existente há 12 anos, agora ganhou prioridade nacional devido à notoriedade das enchentes.


“Como todas as grandes obras do país, infelizmente elas demoram em sair do papel. Só que agora ela ganhou, devido a essa notoriedade que deu ao Eldorado do Sul a nível nacional, parece que o projeto felizmente virou prioridade. Pena ter sido as duras penas da sociedade”, disse.


O projeto, estimado em R$ 460 milhões, conta com recursos da União e gestão do governo do estado do Rio Grande do Sul. O governador Eduardo Leite prometeu realizar a licitação ainda este ano.

Além do dique, a prefeitura aposta na elevação das rodovias que cortam a cidade e na dragagem dos rios assoreados para evitar novas catástrofes.


“A gente não quer abandonar a cidade, a gente quer que ela continue crescendo, e a população continue apostando nela. Mas para isso, a gente precisa muito desse sistema de contenção de cheias”, concluiu Ricardo, alertando que sem essas medidas, Eldorado pode sofrer novamente no futuro, aumentando a incerteza sobre o destino da cidade e de seus habitantes.


Com informações da Agência Brasil

 
 
MAIS NOTÍCIAS
    PARCEIROS