Depois de sofrer uma forte pressão dos familiares que perderam parentes na tragédia aérea que envolveu a delegação da Chapecoense há 11 meses na Colômbia, o clube catarinense conseguiu embargar o documentário produzido pela Trailer LTDA, feito pelo produtor Luis Ara Hermida, que é norte-americano, mas radicado no Uruguai. A ação foi movida na sexta-feira e no dia seguinte o juiz Marcos Bigolin, da 3ª Vara Cível de Chapecó, deferiu a liminar, que inclui a suspensão de qualquer tipo de divulgação do documentário “O milagre de Chapecó”.
As famílias ficaram inconformadas por não terem sido consultadas sobre a produção e veiculação do longa e cobraram forte a diretoria da Chapecoense, que autorizou a produção e firmou contrato com a empresa Trailer LTDA. O clube, no entanto, agora alega que Luis Ara Hermida acrescentou cenas e fatos que fogem ao que foi combinado, apesar de reconhecer que não havia qualquer imagem dos mortos.
O descumprimento do acordo é a “arma” da Chapecoense na ação judicial, que segue normalmente independente da liminar expedida do sábado. Enquanto isso, a diretoria catarinense tenta entrar em um consenso com as famílias das vítimas no sentido de buscar um entendimento de que não há desrespeito na ideia de contar a história do clube até o fatídico dia que o avião da LaMia acabou caindo e provocando a morte de 71 pessoas.
Segundo apurou a Gazeta Esportiva, esse trabalho de convencimento será importante a partir de agora, até por isso a Chapecoense já admitiu que errou ao autorizar as gravações sem o consentimento das famílias, mas principalmente porque já há uma expectativa para que um termo de “ajustamento de conduta” seja assinado entre o clube e a Trailer LTDA. Com isso, provavelmente o documentário, atualmente embargado, seria reformulado e autorizado a ser divulgado.
Os desdobramentos do caso também são importantes para situações semelhantes, afinal, pelo menos mais três empresas estão produzindo filmes sobre a tragédia. O famoso programa da TV norte-americano “60 minutos” é um deles e está em meio a gravações na cidade de Chapecó.
Na última segunda-feira, as famílias das vítimas fizeram mais uma reunião com os representantes da Chapecoense, em Santa Catarina, para tratar deste e de outros assuntos referentes a uma ação ainda maior, que remete a indenização e aos responsáveis pelo acidente aéreo. Dez dias antes, o clube também recuou depois da recusa das famílias em aceitar o valor proposto de repasse das receitas adquiridas com jogos no exterior durante um encontro em São Paulo.
Fonte: Gazeta Esportiva