Preso na última quinta-feira, Carlos Arthur Nuzman comunicou o afastamento da presidência do Comitê Olímpico Brasileiro neste sábado. A entidade divulgou uma nota em seu site oficial junto de uma carta em que o dirigente anunciou que estava deixando o cargo por conta dos escândalos recentes.
No documento, Nuzman aponta que não quer que a imagem do Comitê nacional seja atrelada a escândalos e voltou a alegar inocência. “Não posso deixar o esporte olímpico brasileiro, seus dirigentes e, especialmente, os atletas, serem atingidos, por qualquer forma, pelos acontecimentos e investigações que me envolvem injustamente. Vou defender minha honra e provar minha inocência, diante das autoridades constituídas, nomeadamente perante o Poder Judiciário”.
De acordo com o COB, a carta será levada à sua Assembleia Geral Extraordinária, na próxima quarta-feira, para avaliação e discussão das futuras medidas. Após ser deflagrada a “Parte 2” da operação Unfair Play, que investiga um esquema de compra de votos para a candidatura do Rio de Janeiro para as Olimpíadas de 2016, a entidade brasileira foi suspensa do Comitê Olímpico Internacional.
A operação coordenada pela Polícia Federal levou à prisão preventiva, além de Nuzman, o diretor geral do comitê da Rio 2016, Leonardo Gryner. Os dois são acusados de encabeçar a compra de votos de membros do COI para que a capital fluminense fosse escolhida como sede dos jogos. Um terceiro membro, o empresário Arthur Soares, conhecido como “Rei Arthur, é acusado de arcar com as despesas da compra de votos e está foragido da Justiça.
Confira a íntegra da carta redigida por Nuzman:
Rio de Janeiro, 6 de outubro de 2017.
Aos Membros da Assembleia do Comitê Olímpico Brasileiro
(Aos Cuidados do Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro)
Prezados Senhores Membros:
Não posso deixar o esporte olímpico brasileiro, seus dirigentes e, especialmente, os atletas, serem atingidos, por qualquer forma, pelos acontecimentos e investigações que me envolvem injustamente.
Vou defender minha honra e provar minha inocência, diante das autoridades constituídas, nomeadamente perante o Poder Judiciário. Vou defender minha honra e provar minha inocência diante dos desportistas do mundo inteiro. Vou defender minha honra e provar minha inocência diante daqueles que me acusam e de outros que se omitem. Vou defender minha honra e provar minha inocência aos dirigentes do esporte olímpico mundial, inclusive aqueles integrantes do Comitê Olímpico Internacional.
Para exercer em sua plenitude o meu direito de defesa, até agora violado, afasto-me, a partir desta data, dos cargos de Presidente do Comitê Olímpico Brasileiro e de Membro Nato da Assembleia Geral do Comitê Olímpico Brasileiro. Afasto-me, também, do cargo de Presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos Rio 2016.
Meu afastamento perdurará pelo tempo que se fizer necessário para minha completa, inquestionável, exoneração de qualquer responsabilidade pela prática dos atos que, indevida e injustamente, me são imputados. Somente assim, entendo, poderei dedicar-me ao sagrado direito de defesa, trazendo a necessária tranquilidade para a correta administração do esporte olímpico brasileiro e, logicamente, não interferindo no aperfeiçoamento e desenvolvimento de seus atletas.
Cordialmente,
Carlos Arthur Nuzman
Presidente
Fonte: Gazeta Esportiva