A quinta-feira (22) terminou com mais reviravoltas em Brasília do que novela das oito. Em meio à repercussão negativa e à irritação dos mercados, o Governo Federal decidiu revogar parcialmente o aumento nas alíquotas do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), publicado poucas horas antes em decreto oficial.
A medida, que buscava reforçar o caixa em até R$ 41 bilhões até 2026, não durou nem uma rodada de café no Palácio do Planalto. Seis horas após a publicação, o Ministério da Fazenda usou a rede social X (antigo Twitter) para anunciar a reversão parcial da decisão, mantendo isentas as aplicações de fundos nacionais no exterior e preservando a alíquota de 1,1% para remessas internacionais feitas por pessoas físicas destinadas a investimentos.
"Este é um ajuste na medida – feito com equilíbrio, ouvindo o país e corrigindo rumos sempre que necessário", disse a pasta em tom conciliador, tentando acalmar o mercado financeiro, que já havia reagido mal às mudanças.
No fim da tarde, o dólar deu um salto e a bolsa virou do positivo para o vermelho. A moeda norte-americana, que durante o dia chegou a ser negociada a R$ 5,59, encerrou em R$ 5,66. Já o índice Bovespa, que subia 0,69%, fechou em queda de 0,44%.
Sem a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad — que viajou para São Paulo após anunciar um congelamento de R$ 31,3 bilhões no Orçamento de 2025 —, o governo convocou uma reunião de emergência no Palácio do Planalto. O objetivo: conter o desgaste político e financeiro causado por uma medida que, aparentemente, não combinava nem com o clima no Congresso, nem com o humor dos investidores.
Apesar do recuo parcial, o governo ainda não informou se publicará uma edição extraordinária do Diário Oficial da União nem qual será o impacto da decisão na arrecadação prevista.
No fim, ficou a sensação de que, mais uma vez, a pressa em tributar superou o cuidado em comunicar — e o mercado, como sempre, respondeu com a frieza de quem não aceita surpresa na conta.
Cláudio Albano / Guia São Miguel
Com informações da Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo