A Seleção Brasileira de Futebol, outrora símbolo máximo de orgulho nacional e paixão popular, vive hoje um momento de descrédito e desinteresse por parte dos torcedores.
A cada novo jogo, o público se mostra menos engajado, menos empolgado e mais descrente com o futebol apresentado em campo — que, segundo muitos, tem sido pifio, burocrático e sem alma.
Aquela magia que encantava o mundo parece ter se perdido. A “amarelinha”, símbolo da era de ouro do futebol brasileiro, já não impõe o mesmo respeito.
E agora, para a surpresa (e insatisfação) de muitos, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) decidiu lançar um novo uniforme na cor vermelha para a Seleção — atitude que acendeu um debate acalorado entre os fãs e críticos do esporte.
Desde os primeiros anos escolares, aprendemos que as cores da bandeira brasileira são verde, amarelo, azul e branco — cada uma com significados históricos e culturais. O uniforme da Seleção, por décadas, refletiu essa identidade: o tradicional amarelo com verde, o azul vibrante e o branco limpo, que sempre estiveram em sintonia com a essência nacional.
A introdução de um uniforme vermelho, mesmo que como segundo uniforme, é vista por muitos como uma ruptura com essa tradição. “O vermelho não representa o Brasil, nem sua bandeira, nem sua história no futebol. Estão descaracterizando a Seleção", afirmam torcedores indignados nas redes sociais.
A crise, no entanto, vai além das cores. Ela está no futebol jogado. A Seleção não encanta mais. A criatividade que fez do Brasil referência mundial foi substituída por atuações frias e previsíveis. Os torcedores, antes fiéis e apaixonados, agora assistem com desânimo — quando assistem.
"O time joga sem emoção, sem envolvimento. Fica difícil se conectar com algo que não nos representa mais em campo", disse um morador de São Miguel do Iguaçu, relembrando com nostalgia os tempos de Ronaldinho, Ronaldo, Romário e tantos outros que orgulhavam o país.
A crítica ao uniforme vermelho se intensifica pelo fato de já existirem cores alternativas tradicionais e cheias de significado. O azul, usado na final da Copa de 1958, é um clássico querido pela torcida.
O branco, igualmente presente na bandeira nacional, já foi cor principal da equipe até 1950. Ambas têm raízes históricas no futebol brasileiro — ao contrário do vermelho, que soa como uma tentativa forçada de inovação.
Seja pela falta de futebol, de carisma ou de respeito à tradição, o fato é que a Seleção Brasileira precisa se reconectar com seu povo. Mais do que títulos, a torcida quer identidade, paixão, garra e respeito pelas raízes.
O Brasil ainda é pentacampeão do mundo, mas se continuar nesse caminho de afastamento cultural e técnico, corre o risco de se tornar apenas mais uma equipe comum aos olhos do seu próprio povo.
Será que ainda há tempo para retomar o encanto perdido?
Cláudio Albano/Guia São Miguel
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