Como São os Sonhos de uma Pessoa Cega?
15/11/2024 Brasil
Como nunca teve uma referência visual, seus sonhos não incluem imagens, luz ou núcleos

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Sonhos sempre despertam curiosidade e fascínio, especialmente quando tentamos compreender a maneira como pessoas com deficiência visual os experienciam.

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A pergunta "Como uma pessoa cega sonha?" vai além da biologia e toca no que é próprio da percepção humana.

Para aqueles que nascem cegos e para aqueles que perdem a visão em algum momento da vida, as experiências oníricas podem ser bastante diferentes, desafiando nossa compreensão do mundo dos sonhos.

A Neurociência dos Sonhos para Deficientes Visuais

De acordo com neurocientistas, os sonhos estão associados ao funcionamento do sistema nervoso e, em especial, ao processamento cerebral que ocorre durante o sono REM (Rapid Eye Movement, ou Movimento Rápido dos Olhos).

Neste estágio, todos os sentidos humanos são ativados: visão, audição, tato, paladar e olfato. Portanto, para uma pessoa que possui algum tipo de deficiência visual, o cérebro utiliza os sentidos disponíveis para criar imagens sensoriais que compõem a experiência do sonho.

Pessoas que Perderam a Visão ao Longo da Vida

Para aqueles que tiveram visão em algum momento da vida e depois da perda, os sonhos muitas vezes incluem imagens visuais.

Mesmo depois de anos de cegueira, essas pessoas ainda podem sonhar com rostos, objetos, paisagens e situações visualmente aparentes. Isso ocorre porque o cérebro mantém memórias visuais que podem ser evocadas durante os sonhos.

Eles continuam a ter sonhos com cores, formas e locais familiares, como se estivessem revendendo fotografias antigas.

Porém, com o tempo, as memórias visuais podem começar a se desvanecer e, gradualmente, outras sensações – como sons, aromas e o toque – tornam-se predominantes nos sonhos, complementando a visão como sentido principal.

Como Sonham Aqueles que Nascem Cegos?

Para quem nasce cego, a experiência é completamente diferente. Como nunca teve uma referência visual, seus sonhos não incluem imagens, luz ou núcleos.

Em vez disso, esses sonhos são preenchidos por outros estímulos sensoriais que compõem a percepção diária da realidade para essas pessoas. Sons, texturas, sensações físicas, cheiros e até emoções intensas tornam-se protagonistas dos sonhos.

As experiências oníricas para esses indivíduos podem ser descritas como um conjunto vívido de sensações e sentimentos, sem uma dimensão visual.

Por exemplo, uma pessoa que nasceu cega pode sonhar com a textura de um cobertor, o som de uma conversa, o cheiro de um alimento ou a sensação de caminhar em diferentes superfícies.

Esses elementos são tão reais para uma pessoa sonhadora quanto as imagens são para quem possui visão. É uma experiência tão rica e complexa, que dificilmente consegue imaginar como seria, mas para elas faz todo o sentido.

A Importância dos Outros Sentidos

Para as pessoas cegas, o som é um dos sentidos mais importantes no processo onírico. Sons de vozes familiares, música, o farfalhar das folhas ao vento ou até mesmo filhos que representam perigo podem se manifestar nos sonhos.

Assim, o cérebro da pessoa cega cria uma narrativa onírica baseada no que ela conhece do mundo real, utilizando os sentidos que possui.

A Psicologia dos Sonhos para Cegos

A psicologia dos sonhos defende que os sonhos são, em parte, manifestações de nossas experiências emocionais e psicológicas. Isso significa que, independentemente de a pessoa ter ou não visão, os sonhos sempre refletem ansiedades, alegrias, medos e desejos pessoais.

Uma pessoa cega, por exemplo, pode sonhar com um evento em que está diante de um desafio ou de uma situação de felicidade e conforto, assim como qualquer pessoa que enxerga.

Os sonhos são universais, mas sua experiência é profundamente única e adaptada aos sentidos disponíveis para cada indivíduo.

Para pessoas cegas, sejam aquelas que perderam a visão ao longo da vida ou que nasceram cegas, os sonhos são uma vivência rica e emocionalmente significativa, refletindo suas vivências, percepções e sentimentos.

Ao explorarmos a forma como os cegos sonham, somos convidados a olhar além da visão e valorizar a profundidade com que todos os sentidos moldam a percepção humana.

Redação Guia São Miguel

 
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