A cidade de Guaíra enfrenta uma crescente tensão após um conflito envolvendo indígenas na última quarta-feira (10) que resultou em quatro feridos.
Neste sábado (13), o Ministério da Justiça e Segurança Pública anunciou o envio de mais 20 militares da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para a região, como parte de uma resposta imediata às ocorrências.
De acordo com o ofício divulgado na tarde desta sexta-feira (12), a mobilização incluirá o deslocamento de policiais e bombeiros militares do Rio de Janeiro para Guaíra, com a expectativa de que os agentes cheguem ainda neste sábado.
O Ministério esclareceu que a Força Nacional já estava atuando na região em ações de polícia ostensiva e judiciária, com foco no combate aos crimes na fronteira Brasil-Argentina-Paraguai.
O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Teixeira, confirmou que, em reunião com o Secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, e com autorização do governador do estado, Ratinho Junior, foi liberado o reforço da Força Nacional na região.
O incidente que desencadeou a intervenção ocorreu na região da Avenida Roland, onde, segundo a Polícia Militar, indígenas foram alvo de disparos por um ou mais homens não identificados.
Dos três indígenas atingidos por disparos, um recebeu alta e outros dois permanecem internados em estado estável, segundo a Comissão Guarani Yvyrupa.
Como resposta, alguns indígenas invadiram uma casa, resultando na agressão a um morador de 51 anos. A PM informou que negociou a retirada do refém, que foi hospitalizado com ferimentos, mas não corre risco de morte.
Foto: PM/PR
A atuação da Força Nacional em Guaíra foi solicitada pelo Ministério dos Povos Indígenas no final de dezembro, devido à escalada de conflitos e violações de direitos.
Segundo relatos, o ataque da última quarta-feira foi dirigido ao povo Avá-Guarani e teria sido orquestrado por fazendeiros, conforme denúncias da Comissão Guarani Yvyrupa.
O que aconteceu, segundo a polícia
Foto: PM/PR
A PM diz ter sido chamada para uma ocorrência na região da Avenida Roland onde, por volta das 21h, um homem teria atirado contra indígenas no local descrito pela PM como invasão.
O Batalhão de Polícia de Fronteira (BPFron) diz que as equipes foram recebidas por grupos de indígenas armados com arcos e flechas, facões onde foram disparadas algumas flechas e pedras contra a equipe, mas que nenhum policial foi ferido.
A situação é agravada pela disputa pela demarcação da Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, cujo processo foi anulado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2020, sendo retomado em 2023.
A região, que ainda não está demarcada, testemunha constantes conflitos entre famílias indígenas e agricultores, ambos reivindicando direitos sobre o território.
Com informações do G1
Foto de capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil