Vinicius Junior ainda não tem o egoísmo dos craques. Talvez nem venha a ter um dia, o que pode pesar na maneira como será lembrado no mundo do futebol. Ser atacante exige uma dose de individualismo, em que se prefere o gol ao passe. Mas quando o brasileiro tem as duas opções à sua frente, ele ainda escolhe com mais frequência consagrar o outro do que a si mesmo.
Isso ficou evidente na partida contra o Barcelona, neste sábado. O jogador mais uma vez foi a principal opção de saída rápida do time treinado por Zinedine Zidane, repetindo o que já tinha sido na partida contra o Liverpool, pelas quartas de final da Champions.
O que mudou de uma atuação para outra foi o comportamento na última bola. O camisa 20 fez dois gols nos ingleses ao receber em condições que transformavam a finalização na única alternativa possível. Ou o brasileiro tentava o arremate, ou desperdiçava a jogada. Ele finalizou e foi feliz.
Neste sábado, mais uma vez o Real jogou com as linhas baixas, deixou a posse da bola para o adversário, mas o brasileiro não era lançado em velocidade desacompanhado. Muitas vezes partia com Benzema e Lucas Vásquez ao seu lado. No primeiro tempo, recebeu com a defesa do Barcelona escancarada e rapidamente fez o passe para o espanhol. No segundo, avançou mais com a bola, tinha condições de tentar resolver a jogada, mas preferiu acionar o francês. Araújo cortou e evitou o gol merengue.
A falta de ambição pelo gol não é sinal de que jogou mal. Vinicius Júnior foi um verdadeiro tormento para Mingueza, que terá pesadelos com a velocidade e os dribles do brasileiro. Foi em uma de suas várias arrancadas que recebeu a falta, bem na entrada da grande área. Kroos bateu, deu sorte com o desvio, e fez o segundo gol do Real Madrid.
Vinicius cresce claramente, está cada vez mais à vontade atuando em grandes jogos e é titular indiscutível do Real. Sua deficiência nas finalizações é uma realidade que ainda tem tempo para ser contornada. Mas, para a evolução do seu jogo, o atacante deve não apenas finalizar melhor, como também finalizar mais. Prender um pouco a bola não é ruim, chamar para si a responsabilidade da conclusão, contanto que ela termine onde deve terminar.
GE