O futebol feminino do Corinthians deu um passo importante na tarde/noite da última quarta-feira, atuando pela primeira vez na moderna Arena do clube, na estreia do Campeonato Brasileiro, e iniciando um projeto de levar cada vez mais torcedores aos estádios. Ainda que os quase 4 mil pagantes presentes ao local não sejam uma boa marca, o evento mostrou que pode se sustentar sem o propagado “auxílio” da comercialização de cervejas e do profissional masculino sendo transmitido nos telões.
Cercado de ações contra o machismo e em busca do desenvolvimento da modalidade, obrigatória para clubes que queiram disputar a Copa Libertadores da América entre os homens em 2019, o embate viu cerca de 1/3 do público presente deixar as arquibancadas assim que o juiz decretou o apito final da goleada sobre o São Francisco-BA. Ou seja, boa parte dos 3.895 corintianos foram lá apenas para ver as mulheres em campo.
A cerveja, proibida durante os eventos esportivos, foi liberada para que os presentes acompanhassem a transmissão de Vitória x Corinthians, no Barradão, tornando-se alvo de diversos consumidores. O jogo, ainda que pouco cativante para um time que lidera o Brasileiro e o seu grupo na Libertadores, era visto como uma maneira de chamar mais público ao estádio.
Dessa forma, foi importante para as garotas mostrarem que há pessoas interessadas em uma partida da equipe independentemente de qualquer outro benefício. Isso tornou-se algo mais importante ainda quando elas chegaram ao estádio e viram que poucas pessoas se movimentavam nos arredores. Com 2.500 ingressos vendidos antecipadamente, a procura imediata superou as expectativas da organização.
Relatos de encantamento das atletas com a estrutura nos vestiários e a qualidade da gramada de Itaquera também foram comuns, canalizados em muita comemoração nos gols marcados. Depois do apito final, em uma movimentação quase simétrica, todas se viraram ao setor Norte e mostraram muita gratidão pela presença dos corintianos, fechando a noite com “selfies” e abraços nos fãs.
Apesar do passo inicial importante dado pelas corintianas, é consenso que a modalidade precisa atrair mais gente para tornar-se rentável. O custo operacional de um jogo do time masculino na Arena gira em torno de R$ 800 mil. Ainda que seja reduzido drasticamente, não deve ter sido coberto pelos R$ 39.049,00 arrecadados com a bilheteria de quarta-feira.
Além disso, a presença de público foi inferior a eventos como partidas das equipes sub-17 e sub-20 do Alvinegro, algo que claramente não deve ser visto como aceitável pelos corintianos. Duelos em novos horários ou nos finais de semana podem ser a saída, mas só devem voltar a ocorrer caso o Timão avance na disputa do Brasileiro. Até lá, o Parque São Jorge deve ser a casa da equipe.
Fonte: Gazeta Esportiva