Com o início do Verão Maior Paraná e o aumento expressivo de turistas no Litoral, na Costa Noroeste e em outras regiões turísticas do Estado, as forças de segurança reforçam um alerta preocupante: os trotes aos números de emergência 190 e 181 seguem entre os principais fatores que prejudicam o atendimento de urgência.
As ligações falsas sobrecarregam os sistemas, desviam viaturas e atrasam socorros que exigem resposta imediata, colocando vidas em risco.
Dados do período entre dezembro de 2024 e março de 2025 mostram a dimensão do problema. O Disque-Denúncia 181 registrou 757 trotes, o que representa quase 4% de todas as ligações de orientação recebidas.
Cada chamada falsa significa um atendimento desperdiçado que poderia ser um pedido real de ajuda ou uma informação relevante para investigações policiais.
No telefone 190 da Polícia Militar do Paraná (PMPR), destinado exclusivamente a emergências em andamento, o impacto é ainda maior. Na temporada passada, foram contabilizados cerca de 4,2 mil trotes.
Enquanto um atendente analisa uma ligação falsa, outras pessoas em situação de violência, acidentes ou crises de saúde podem não conseguir contato. Além disso, a necessidade de confirmar cada ocorrência antes do envio de equipes prolonga o tempo de resposta e compromete a eficiência do serviço.
O efeito operacional é imediato. Chamadas falsas simulando brigas, crimes ou situações de risco extremo provocam o deslocamento de viaturas para endereços inexistentes, deixando regiões descobertas e aumentando a vulnerabilidade da população.
A sobrecarga também afeta atendentes e despachantes do Centro de Operações Policiais Militares (Copom), que lidam diariamente com grande volume de ligações. O excesso de trotes amplia o desgaste emocional das equipes e pode resultar em atrasos, falhas de comunicação e até erros em ocorrências graves.
Segundo o major Adriano Patrik Marmaczuk, oficial adjunto do Copom em Curitiba, cada trote gera impacto direto no atendimento à população. “Quando um policial atende um trote, uma linha fica ocupada desnecessariamente. Isso impede que alguém em uma situação real de emergência consiga ajuda no tempo certo”, destaca.
Os prejuízos também se refletem no trabalho investigativo. O Disque-Denúncia 181, canal fundamental para denúncias anônimas, perde agilidade, afetando diretamente ações policiais. Mais de 90% das operações do Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA), por exemplo, têm origem em informações repassadas ao 181. As ligações falsas ainda distorcem temporariamente as estatísticas, interferindo no planejamento do policiamento, na definição de horários de reforço e na distribuição de equipes durante o verão.
A consequência mais grave, porém, permanece a mesma: uma viatura enviada para atender um trote deixa de socorrer quem realmente precisa. Em situações como violência doméstica, acidentes de trânsito ou emergências médicas, segundos podem ser decisivos entre a vida e a morte.
Para garantir o bom funcionamento dos serviços durante o Verão Maior Paraná, as forças de segurança reforçam a importância do uso correto dos canais:
190 – Emergência Policial: Deve ser acionado quando o crime ou a situação de risco está acontecendo naquele momento. É destinado a ocorrências em andamento, risco à vida ou ao patrimônio, acidentes de trânsito e pedidos de socorro urgente.
181 – Disque-Denúncia: Indicado para casos em que o crime não está ocorrendo no momento e pode ser investigado posteriormente. Recebe denúncias anônimas sobre tráfico de drogas, localização de foragidos, maus-tratos a animais e outras práticas criminosas. O sigilo é absoluto, e o serviço é essencial para a prevenção e elucidação de crimes.
As autoridades reforçam que o uso consciente desses números é uma responsabilidade coletiva e pode salvar vidas.
Redação Guia São Miguel com informações da AEN
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