Paraguai: EPP surgiu de um braço do “Pátria Livre”
04/09/2020 Paraguai

O Exército do Povo Paraguaio (EPP) foi fundado em março de 2008. Depois de 35 anos de ditadura, o governo Stroessner cai e inicia uma tímida liberdade democrática. Isso significa que muitos grupos insurgentes que haviam se organizado na clandestinidade para lutar contra a ditadura, agora também podem se organizar em partidos políticos e postular cargos eletivos. 

Uma dessas pessoas que sonhavam em chegar ao poder era Juan Arron. Ao final de 1970, Arron termina a faculdade e passa a frequentar reuniões de movimentos de esquerda. Ele passava boa parte de seu tempo entre o interior e a capital organizando grupos e cooptando pessoas.

Entre 1987 e 1988 Arron foi preso e permaneceu alguns meses em Tacumbu, acusado de romper a lei contra a paz pública. Ao sair ele começa a participar de comícios e organizar reuniões favoráveis à sua causa.

Em 1990 em um curso de teologia na Universidade Católica de Assunção, Juan Arron conhece Alcides Oviedo, que era seminarista. A partir desse encontro, as visitas de Arron ao seminário metropolitano passam a ser mais frequentes.

1992 foi um ano chave, quando foram expulsos oito seminaristas. Alcides Oviedo, Gilberto Setrini e Osvaldo Martinez e Pedro Maciel foram alguns dos expulsos por defenderem a Teologia da Libertação, que defende mudanças políticas, econômicas e sociais com o objetivo de erradicar a pobreza na américa. Era uma resposta às ditaduras instaladas na América do Sul.

Voltando um pouco no tempo, em 1980, certas facções começam a radicalizar-se cada vez mais, alguns chegando a pegar em armas, gerando forte oposição, inclusive na Igreja Católica. Em 1984 o papa João Paulo II vai a Nicarágua condena a teoria. Em 1985 o cardeal Ratzinger impõe um ano de silencio a Leonardo Boff, um dos maiores defensores da Teoria da Liberatação.

Os integrantes da igreja que defendiam a revolução pelas armas foram desencorajados pelo Papa. Eles deveriam deixar a igreja.

Ao ver frustrado seus objetivos, Arrom e os outros seminaristas formam o Movimento Pátria Livre. Começaram a trabalhar em zonas mais carentes, como São Pedro e periferia de Assunção. Seu objetivo era chegar ao poder por meio do voto.

Nas eleições presidenciais de 1993, o Pátria Livre fez uma votação pífia e seus lideres chegaram a conclusão que seria impossível chegar ao poder pelo voto.  Decidiram então prosseguir com o partido com Arron na cabeça e criar um braço armado tendo como líder Alcides Oviedo Britez.

A facção passou a praticar atos que lhe renderiam dinheiro, como sequestros e extorsões. Mais tarde, essa facção armada seria o famoso EPP, que até nos dias atuais atormenta o governo com seus sequestros e incêndios a propriedades de agricultores.

Fotos: ABC Color e Ultima Hora-PY.

Fonte: Tribuna Popular

 
MAIS NOTÍCIAS
    PARCEIROS